ATA DA TRIGÉSIMA SÉTIMA
SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 09.12.1997
Aos nove dias do mês de
dezembro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze
horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de "quorum", o
Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à
entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Senhor
Carlos Grossman, nos termos do Projeto de Resolução nº 15/97 (Processo nº
1472/97), de autoria do Vereador Juarez Pinheiro, por solicitação do Vereador
Renato Guimarães. Compuseram a Mesa: o Vereador Reginaldo Pujol, 2º
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor José Fortunati,
Vice-Prefeito Municipal, representando o Senhor Prefeito Municipal de Porto
Alegre; o Senhor Rubens Echeverria, representando o Senhor Carlos César de
Albuquerque, Ministro da Saúde; o Vereador Henrique Fontana, Secretário
Municipal de Saúde; o Senhor Flávio Kanter, representando a Secretaria Estadual
da Saúde e do Meio Ambiente; o Capitão Eduardo Passos Mereb, representando o
Comando-Geral da Brigada Militar; o Doutor Carlos Grossman, Homenageado; o Vereador
Juarez Pinheiro, na ocasião, Secretário "ad hoc". Ainda, como
extensão da Mesa, foram registradas as presenças das Senhoras Dóris Grossman,
Ana Grossman, Alice Grossman e Sofia Grossman e do Senhor Júlio Grossman,
familiares do Homenageado; da Senhora Lilian Nunez; dos Senhores Valmir Labatur
Rosa e Sandra Ferreira, representando a Unidade Coinma do Grupo Hospitalar
Conceição; da Senhora Lisiane Perico, Chefe da Unidade da Divina Providência do
Serviço de Saúde Comunitária; do Senhor Selvino Heck, representando a Direção
do Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB; do Senhor Ivo Fortes,
representando o Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre; da Senhora
Lídia Suzana Demeneghi, representando o Hospital Moinhos de Vento,
Superintendente Assistencial desse Hospital; dos Senhores Djalmo Sanzi Souza,
Elizabete Calin Nadir e Bruno Costa, respectivamente, Chefe da Divisão de Saúde
Comunitária, Chefe do Serviço de Saúde Comunitária e ex-Diretor do Grupo
Hospitalar Conceição. Também, foi registrado o recebimento de correspondência
alusiva à presente solenidade, de autoria do Senhor Nelson Boeira, Secretário
de Estado da Cultura; do Senhor César Buzatto, Secretário de Estado da Fazenda;
do Senhor João Carlos Vasconcellos, Diretor-Presidente da Empresa
Portoalegrense de Turismo - EPATUR. Em prosseguimento, o Senhor Presidente
convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional, e
concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador
Juarez Pinheiro, em nome das Bancadas do PT, PTB, PPS e PSB, discorrendo sobre
a trajetória profissional
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Na condição de Presidente
em exercício da Câmara Municipal de Porto Alegre, tenho a honra de dar início
aos trabalhos da 37ª Sessão Solene que se destina a entregar o título de
Cidadão Emérito ao Dr. Carlos Grossmann, que decorre do Projeto de Resolução nº
015/97, Processo nº 1472/97, cujo proponente é o Ver. Juarez Pinheiro.
Convido para
integrar a Mesa o nosso homenageado Dr. Carlos Grossmann e solicito ao Ver.
Juarez Pinheiro que o introduza no Plenário. (Palmas.)
Com idêntica
satisfação convido o Vice-Prefeito Municipal Sr. José Fortunati que nos
prestigia, para compor a Mesa. (Palmas.) Convido também o ilustre Dr. Rubens
Echeverria, que representa o Dr. César de Albuquerque, Ministro da Saúde.
(Palmas.)
Com muita
satisfação convido o nosso colega Ver. Henrique Fontana, atualmente titular da
Secretaria Municipal de Saúde e o Dr. Flávio Kanter representando o Secretário
Estadual de Saúde e do Meio Ambiente para comporem a Mesa. (Palmas.) Também
convido o representante do Comando-Geral da Brigada Militar do Rio Grande do
Sul, Sr. Eduardo Passos Mereb (Palmas.) Constituída a Mesa, como primeiro ato
desta Sessão, convido os presentes para que ouçamos a execução do Hino
Nacional.
(Procede-se a execução do
Hino Nacional.)
O SR. PRESIDENTE: Tenho a satisfação de passar a palavra ao
Ver. Juarez Pinheiro, Vereador proponente desta homenagem, que foi aprovada por
unanimidade. O Vereador falará em nome das Bancadas do PT, PTB, PPS e PSB.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: (Saúda os componentes da
Mesa.) Para mim é uma grande honra estar aqui a homenagear uma das pessoas que
mais contribuiu com a Saúde Pública, não só nesta Cidade que hoje lhe entrega o
título de Cidadão Emérito, mas também no Estado e no País.
Certa vez, em
uma cerimônia como esta, eu disse que gostaria de ser um bom orador para poder
enaltecer os méritos do então homenageado. Hoje, nesta homenagem, Dr. Carlos
Grossman, não tenho essa preocupação. O Dr. Carlos Grossman é tão grande, tão
raro, tão especial, que por mais brilho que possa ter na oratória, nunca conseguiremos
ressaltar todas as suas virtudes e o seu brilho. Por mais singelo que seja o
discurso, a simples evocação de seu nome tocará a nossa emoção.
Com o Dr.
Carlos Grossman acontece o fenômeno muitas vezes relatado na Literatura em que
o autor se confunde com a sua obra e esta com o autor. Impossível evocar o seu
nome sem que lembremos do Murialdo, sem que lembremos do Serviço de Saúde
Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição. Mesmo que não tenhamos a pretensão
de defini-lo, é justo assinalar-se que ele é uma pessoa especial, singular,
rara, extraordinária, ímpar. Um poeta realizou a sua utopia, que tem na
serenidade e persistência a principal arma para dizer não ao senso comum para
transformar.
Como médico,
aliando inteligência, vasto saber científico e impressionante disposição para o
estudo e a pesquisa tem se notabilizado sobremaneira. Na cátedra, como formador
de novos profissionais, é o responsável principal pela definição de carreiras
de centenas de médicos, alguns deles com atuação destacada inclusive no
exterior. Humanista, preocupado com os mais humildes, penetrou na alma das
comunidades pobres e em benefício destas criou o Serviço de Saúde Comunitária,
fazendo ressurgir a figura do médico de família.
São essas as
razões que hoje estão aqui para homenageá-lo as mais altas autoridades do Poder
Executivo: o Sr. Vice-Prefeito José Fortunati, representando o Prefeito, o
ex-Prefeito Tarso Genro que, em breves momentos, deve chegar a esta Casa, as
autoridades da saúde, seus colegas, seus amigos, seus familiares e, acima de
tudo, aqueles que no início deste pronunciamento, por nervosismo, eu deixei de
saudar, são os usuários do serviço de saúde comunitária que hoje vêm aqui dar o
seu abraço e o reconhecimento pela sua obra.
O Dr. Carlos
Grossman nasceu na Cidade de Porto Alegre, em 02.01.1928, e durante toda a sua
vida profissional caracterizou-se pela atuação em diversas áreas: a) clínica
particular, com consultório de clínicas médicas; b) ensino de medicina a
estudantes e médicos residentes de medicina interna ou medicina geral
comunitária; c) saúde pública - especialmente no atendimento à comunidade.
Cursou o
primário em Patronato Agrícola, no Instituto Pinheiro Machado, da extinta
Universidade Técnica do Rio Grande do Sul (1935-1938). Matriculou-se no ginásio
do Colégio Júlio de Castilhos (1939-1945). Enquanto estudante, envolveu-se com
as atividades do Grêmio Estudantil. Criou um fundo Rotativo para aquisição de
livros didáticos a serem usados por estudantes pobres.
No Grêmio
Estudantil ganhou o primeiro lugar no concurso literário com biografia de Júlio
de Castilhos.
Foi
classificado em primeiro lugar no vestibular da Faculdade de Medicina da UFRGS
(1946). Foi classificado em primeiro lugar no Congresso Científico de
Estudantes, realizado em Niterói, com o trabalho comparativo entre
Desenvolvimento Físico de Crianças Pobres e Ricas em Porto Alegre. Formou-se em
Medicina (1951). Realizou a Residência Médica (Medicina Interna) nos Estados
Unidos da América do Norte (1952-1954). Inicia-se no magistério. Foi Professor
Assistente da Cátedra de Terapêutica Clínica - Catedrático: Professor Eduardo
Z. Faraco, Faculdade de Medicina/UFRGS (1955-1970). Participante destacado da
criação da Primeira Residência Médica no Rio Grande do Sul, com apoio e
financiamento da Fundação Kellog (Medicina Interna), com duração de dois anos,
nas enfermarias 38 e 29 da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, nas
Cátedras de Terapia Clínica e Propedêutica Médica da Faculdade de Medicina da
UFRGS (1961). Instrutor de Medicina Interna da Residência de Medicina Interna
do Hospital Nossa Senhora da Conceição (1973/1978).
Participa da
criação da primeira Residência em Saúde Comunitária (simultaneamente com
Recife-PE) na unidade Sanitária Murialdo da Secretaria de Saúde e meio ambiente
do Rio Grande do Sul (1974/1976). Assume como Coordenador-Chefe das Residências
dos Hospitais Nossa Senhora da Conceição, Hospital da Criança, Hospital Cristo
Redentor - de Medicina Interna, Cirurgia Geral, Pediatria,
Ginecologia/Obstetrícia, Cirurgia Vascular, Radiografia, Traumatologia,
Ortopedia e Neurocirurgia - com cerca de 200 doutorandos e 200 médicos
residentes em treinamento (1978/1981).
Cria a
Residência de Medicina Geral, 2 a 3 anos mais tarde a de Medicina Geral e
Comunitária, admitindo 25 médicos, anualmente (1980). Como decorrência da
Residência em Medicina Geral e Comunitária se inicia, na Zona Norte de Porto
Alegre, - onde está localizado o Hospital Nossa Senhora da Conceição - a
criação, por solicitação da comunidade, de postos de saúde com equipes
multidisciplinares, mas contando, obrigatoriamente, com médicos gerais
comunitários nos atendimentos. Foram criados 13 postos, compreendendo,
inicialmente, uma população aproximada de 120.000 habitantes em comunidades
geograficamente delimitadas. Emprega 50 médicos gerais, em regime de 8 horas
efetivamente trabalhadas, em dois turnos (das 8 às 16 e das 12 às 20 horas),
além de outros profissionais (1983). Cria no Grupo Hospitalar Conceição uma
assessoria a municípios na área de saúde comunitária, prestando informações e
apoio técnico no planejamento e implantação de serviços de saúde, no Rio Grande
do Sul e em outros estados (1992). Participa, com outros médicos do Serviço de
Saúde Comunitária, da criação do Programa de Saúde da Família, do Ministério da
Saúde, sendo Ministro, Henrique Santillo. Participa do desenvolvimento da
pesquisa em várias reuniões de trabalho, em Brasília e em outras cidades
(1993). A Grã-Bretanha elege o Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar
Conceição para oferecer programa de intercâmbio científico. No decorrer do
período, vários médicos gerais e enfermeiras visitaram e trabalharam no
desenvolvimento do Serviço, num convênio com a Universidade de Londres, através
do Conselho Britânico, seguindo recomendação da Drª Elisabeth Russell de
Aberdeen, conforme seu relatório da visita ao Brasil (1985/1990). Atividades
Associativas. Diretor da Revista Médica do Centro Acadêmico Sarmento Leite da
Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Participa na Associação Médica do Rio Grande
do Sul (AMRIGS) do estudo de viabilidade da revista Médica da AMRIGS, sendo,
depois, seu Redator-Chefe. Participou do estudo de viabilidade do Programa de
Educação Continuada da AMRIGS. Depois foi seu dirigente, assim como do exame da
AMRIGS,destinado a avaliar médicos recém-formados e suas escolas. Diretor do
Hospital Conceição (1978). Foi Diretor Técnico do Grupo Hospitalar Conceição
(1993-1994). Profere aula inaugural do Curso de Medicina recém criado pela
ULBRA - Universidade Luterana do Brasil, em Canoas (1996). Assessora a ULBRA na
orientação de seu Curso de Medicina para formação de médicos gerais. Viaja a
Cuba, pela ULBRA e pelo Governo do Estado RS para observar o Sistema de Saúde
na Comunidade (1996). Assessora, desde dezembro de 1996, o Centro de Saúde
Murialdo da Secretaria de Saúde e Meio ambiente do Estado do RS, na sua
reestruturação e qualificação para tornar-se centro de pesquisa e referência
nas áreas de prestação de serviços na comunidade e na formação de pessoas para
esses serviços.
Homenagear o
Dr. Carlos Grossman com a distinção do título honorífico de Cidadão Emérito de
Porto Alegre, significa homenagear um dos homens nascidos nesta Cidade com
maior acúmulo de contribuição à saúde pública deste País, tanto sobre o prisma
da contribuição científica, quanto sobre o prisma de iniciativas práticas e
revolucionárias.
O nome do Dr.
Grossman hoje se confunde com o Serviço de Saúde Comunitária do GHC, iniciativa
da qual foi mentor e um dos principais construtores. Este serviço, com aproximadamente
15 anos de existência está atualmente estruturado em 13 Postos na Zona Norte de
Porto Alegre. Beneficiando principalmente populações carentes, é responsável
pelo atendimento à saúde, com qualificação, de aproximadamente 200.000 pessoas.
Com altíssimo índice de resolução (95%) o Serviço destaca-se, ainda, por fazer
o atendimento médico e odontológico nas proximidades de casa, evitando a
corrida aos hospitais. O atendimento domiciliar, que também realiza,
ressuscitou a figura tradicional e querida do médico de família.
Permita-me, Dr.
Grossman, que, como já dissemos tem seu nome confundido com sua obra, dizer que
homenageá-lo é também dizer sim a uma saúde pública de qualidade; é dizer sim
ao direito constitucional de atenção universal e integral à saúde; é reafirmar
o SUS, conquista histórica dos militantes envolvidos com saúde pública; é
homenagear, também, todos os que o ajudaram a erigir sua obra: médicos,
enfermeiros, auxiliares de enfermagem, agentes comunitários.
É homenagear as
comunidades da Zona Norte que também foram decisivas na constituição do Serviço
de Saúde Comunitária e que hoje lutam por sua manutenção. É dizer sim à vida. É
dizer que saúde não é mercadoria.
Doutor
Grossman, médico extraordinário, Cidadão Emérito de Porto Alegre, meus
caminhos, de vez em quando, têm se cruzado com os seus. Primeiro, o senhor
Chefe do serviço de Saúde Comunitária, eu militante do Serviço de Saúde
Comunitária. Depois, eu Diretor Administrativo e Financeiro do Grupo Hospitalar
Conceição, o senhor Chefe da Divisão Comunitária. Depois, o senhor Diretor
Técnico do Grupo Hospitalar Conceição, eu, novamente, militante comunitário.
Agora, como Vereador de Porto Alegre lhe prestando esta homenagem.
Quero dizer que
estes encontros têm me ajudado a crescer e, talvez, eu nem existisse como
expressão pública se eles não tivessem acontecido. Eu também sou um pouco fruto
de sua obra. E me orgulho disso. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos anunciar como extensão da Mesa a
Sra. Dóris Grossman, esposa do nosso homenageado, bem como a sua companheira
Sra. Lilian Nunez e, seus filhos Ana, Júlio e Alice, sua sobrinha Rosa, de
Curitiba, e sua irmã Sofia Grossman. Por idêntica razão, como bem disse o Ver.
Juarez Pinheiro, homenagear o Dr. Carlos Grossman sem falar na medicina
comunitária é impossível. Então, referenciamos aqui com muita satisfação as
presenças de pessoas que também queremos que sejam integrantes da Mesa
Diretora: Sr. Valmir Labatur Rosa, representante da Unidade Coinma do Grupo
Hospitalar Conceição; Sra. Lisiane Perico, Chefe da Unidade da Divina
Providência do Serviço de Saúde Comunitária; Sr. Selvino Heck, representante da
Direção do Departamento Municipal de Habitação; Sr. Ivo Fortes, representante
do Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre, que passará a partir de
hoje a ter um novo integrante, exatamente o nosso homenageado; Sra. Lídia
Suzana Demeneghi, representante do Hospital Moinhos de Vento, Superintendente
Assistencial deste hospital; Sr. Djalmo Sanzi Souza, Chefe da Divisão de Saúde
Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição; Sra. Elizabete Calin Nadir, Chefe do
Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição e Sra. Sandra
Ferreira, Chefe da Unidade Coinma do Grupo Hospitalar Conceição. A todos, eu
solicito que se considerem integrantes da Mesa Diretora dos trabalhos eis que
todos nos dão grande satisfação e grande alegria por estarem aqui presentes. Em
nome da Casa, peço escusas a nossa distinta platéia pela circunstância de que
um problema na nossa rede elétrica tenha prejudicado o sistema de
ar-condicionado, o que está trazendo alguns transtornos nesta hora. Agradecemos
a todos pela tolerância e registramos como integrante da mesa o Dr. Bruno
Costa, ex-Diretor Técnico do Grupo Hospitalar Conceição.
Passo a palavra
ao Ver. Elói Guimarães, que fala em nome do PDT.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: (Saúda os componentes da
Mesa.) Vejo também aqui o Ivo Costa,
o João Veppo e sua esposa, o Coral da Terceira Idade do SESC. Quero também
cumprimentar uma pessoa que é uma militante das causas que dizem respeito à
saúde comunitária, e falando o seu nome quero homenagear a todas as pessoas que
militam em prol da saúde, que é a Dona Mérica. (Palmas.)
Comunidades
aqui presentes, em especial da Zona Norte.
Mas o
Presidente referia o calor desta solenidade, porque os aparelhos de ar
condicionado estão com deficiência. Mas o maior calor que sentimos é o calor
humano, da solidariedade, do carinho de todos vocês, que representam as
diferentes comunidades, para com esta figura quase santa, amigo que é, o Dr.
Carlos Grossman.
Seria de
indagar ao Sr. Presidente e aos convidados que outra instituição, nesta Cidade,
teria melhor representação para conferir esta homenagem, senão a Câmara
Municipal de Porto Alegre.
Tenho dito
nesta Casa que este é um dos grandes títulos que se concede àquele que realiza
obras, serviços na Cidade de Porto Alegre, porque aqui na Câmara se deposita a
vontade política, eleitoral da Cidade de Porto Alegre. Estão aqui todos os
segmentos ideológicos.
Então, este
título de cidadão é extremamente importante porque é a vontade da Cidade de
Porto Alegre, traduzida nesta homenagem e no título que V. Sa. vai receber, mas
vai receber pelo que realiza, pelas obras magníficas que fez.
Há homens que
constroem estradas, usinas, pontes; mas há outros homens que constroem saúde.
V.Sa. é daqueles que constroem a saúde, o bem-estar e quando se fala na
qualidade de vida na Cidade de Porto Alegre, uma das cidades que detém a melhor
qualidade de vida, temos que olhar para um homem como esse. Homens como esse,
somado a tantas e tantas outras iniciativas, é que fez com que a Cidade de
Porto Alegre tenha essa qualidade de vida. Não se pode medir o que o Dr.
Grossman realizou para a Cidade de Porto Alegre e, especialmente, para a Zona Norte.
Eu sou um profundo conhecedor da Zona Norte e posso avaliar, efetivamente, o
que representou o trabalho de V. Sa., fazendo essa sentinela avançada de saúde
comunitária, indo atrás da nossa gente, da gente pobre das vilas. Isso,
inquestionavelmente, representou, para aquela área e para Porto Alegre, uma
significação muito grande em termos de prevenção de saúde. Temos menos doentes,
hoje, na Cidade, mercê da obra maravilhosa que V. Sa. realizou.
O Dr. Grossman
realizou, no Hospital Conceição, uma obra de saúde comunitária que foi
destacada na Grã-Bretanha como um movimento de intercâmbio científico no mundo.
Vejam a magnífica obra que esse homem realizou para a Cidade de Porto Alegre.
Receba, Dr.
Grossman, de Porto Alegre - quando um Vereador fala, é a Cidade, é o povo que
fala - o agradecimento por seu trabalho, por sua dedicação, por seu cuidado à
frente desse importante setor. Todos os setores são importantes - a habitação,
a educação -, mas há um em que a "conditio sine qua non" é a saúde.
Não há trabalho, não há educação sem a saúde. Então, hoje, estamos homenageando
exatamente aquele que pelo seu trabalho, sua profissão, sua dedicação é um
construtor do ser humano, da qualidade de vida do ser humano.
Receba, Dr. Grossman, a nossa homenagem que é,
nada mais, nada menos, que uma gratidão da Cidade de Porto Alegre que faz a V.
Sa. pelo trabalho que realizou neste campo da saúde, neste campo social. E que
vai continuar realizando, pois é um homem que está aí, jovem, com brilhos, com
saúde. E que Deus o proteja por muitos e muitos anos para que continue ajudando
a população de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador. )
O SR. PRESIDENTE: Tenho a satisfação de informar o recebimento
de várias correspondências de pessoas, que impossibilitadas de comparecer se
integram, se solidarizam com este acontecimento: Dr. Nelson Boeira, Secretário
de Estado da Cultura; Dep. César Buzatto, Secretário de Estado da Fazenda;
Diretor-Presidente da Empresa Portoalegrense de Turismo, Sr. João Carlos Vasconcellos,
que formalmente se dirigiram à Casa, justificando sua ausência e se integrando
com a homenagem que hoje se realiza.
Com a palavra o
Ver. João Dib, que fala pelo PPB.
O SR. JOÃO DIB: A solidariedade converte em direito o que a
caridade dá em favor. (Saúda os componentes da Mesa.) Queridos familiares do
nosso homenageado, queridos amigos do nosso homenageado Dr. Carlos Grossmann.
Conheci Carlos Grossmann quando ele saía daquele maravilhoso colégio Júlio de
Castilhos e eu a ele chegava. Tínhamos amigos em comum e isso fez com que eu
acompanhasse a sua trajetória. Sempre digo que o tempo não passa, nós é que
passamos marcando o tempo pelas nossas realizações, pelos nossos feitos, pelas
nossas verdades e aí o nosso Cidadão Emérito marcou profundamente o tempo e,
felizmente, vai continuar marcando por muito mais tempo. Vou ser breve como
deve ser o pronunciamento para amigos do homenageado, que sabem tudo sobre ele.
Mas preciso dizer que as coisas que acompanhei como amigo de Carlos Grossmann,
como admirador de Carlos Grossmann, eu devo acrescentar uma, e foi por isso que
iniciei falando em solidariedade. Carlos Grossmann é um homem solidário com a
sua coletividade, com seus amigos, com aqueles que dele precisam. Peço a Deus
que continue permitindo que ele continue solidário, que ele continue amigo e
que ele tenha todas as razões para dar satisfação para si e para seus
familiares. Saúde e paz! Obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra,
representando o PSDB.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: (Saúda os componentes da
Mesa.) Há poucos dias lembrava de uma aula do início da década de sessenta, que
absorvíamos sedentos de saber e como proceder, quando lecionavas na cadeira do
Prof. Eduardo Faraco, com "A Angústia", em que falavas e nos
conscientizavas, além de um quadro clínico, desta nossa mania de rotular e
carimbar a tudo e a todos com esta insegurança e este dessaber que nos torna
didáticos, monótonos e cartesianos.
Quem já não se
apercebeu desta sensação de estreitamento de caminhos, desta profunda
impotência que nos assola no final de milênio, algumas delas tão antigas, a nos
desafiar e a ridicularizar nossos foros científicos de autoridades do
conhecimento e de sua transmissão? E a nos provocar este profundo e torturante
sentimento de angústia?
A angústia da
hora, dos milhares de sinais vermelhos em nossos caminhos, tão pedregosos, de
tantos espinhos e tão raras rosas, das bombas, dos holocaustos, do desemprego,
da AIDS, da incompreensão, da banalização da vida, das pesadas mazelas com as
quais somos obrigados a conviver e muitas vezes a carregá-las como um fardo
insuportável.
Entre elas,
esta luta constante contra nossa mediocridade, contra as burocracias, contra o
inarrendável das corporações, contra a hipocrisia nas prestações de serviço.
Devíamos estar
extintos como espécie, pela severidade que atinge nosso poder de destruição.
Mas o homem à sua mais grotesca incompetência consegue o milagre do
contraponto. E faz da miséria, da fome, desta apocalipse cotidiana, a energia
da reação, passando da mais vil de suas baixezas à glória da criação, da
bonomia, fazendo da humanização um lenitivo, transformando-a em solidariedade,
em amor, passando do "homo sapiens" para o "homo faber" e
para o "homo ludicus" com a permissividade da fluência dos tempos.
E é exatamente
disto que gostaria de falar nesta tarde tão feliz, em que o título de cidadania
é apenas uma formalidade em face do cidadão exemplar, da figura ímpar que
emerge como médico de uma sociedade que adoeceu e que necessita, pungentemente,
de muitos Carlos Grossman. Todas as pessoas que tem tido a ventura de conviver
mais perto contigo usufruíram, permanentemente, desta invejável vocação para
explicar a intimidade dos fenômenos, dissecá-los, e transformar sua
complexidade no simples que só os sábios traduzem.
Tens a
matemática certeza da dúvida e da insegurança a conduzir pelas estreitas saídas
do espontâneo coletivo toda a sabedoria das decisões e do sucesso dos
empreendimentos.
Como profissão
escolheste o mais difícil dos caminhos, o do povo, o do inconsciente coletivo
que emana dos microconhecimentos sociais e que unidos derrubam teses
universitárias, rasgam diplomas e fazem do mero, do simples, do singelo, o
verdadeiro caminho de resgate das imensas dívidas sociais que tão penosamente
contraímos e que a temos gerenciado de forma tão incapaz.
O que tens
feito? Eu respondo. Ensinado. Abriste mão há muito tempo da láurea acadêmica
para fazer academia nas vilas de Porto Alegre. É aí o teu sítio de criação.
Basta ver o "facies" das pessoas presentes hoje aqui. Ensinas,
diariamente, teus acompanhantes a ver com clareza a grande proximidade que
existe entre a mais fina tecnologia de ponta a mais avançada, com a mais
sofisticada elegância que só a natureza poderia arquitetar: a cabeça, o
pensamento do médico que desempenha o mais importante dos papéis, se armado
apenas de seus conhecimentos, da sua solidão, perante os enigmas da doença, das
epidemias, das pragas. Ou no interior de um casebre periférico, onde fome e
superpopulação formam o panorama de seu cotidiano. Ou, ainda, armado até os
dentes com a melhor tecnologia na colossal arquitetura dos hospitais, das
superespecialidades, nunca foram incompatíveis, nunca foram antagônicos, sempre
foram complementares. Tu ensinaste, despertando vocações, e me aconselhavas a
dizer ao mundo que o médico comunitário tem como pré-requisito indispensável a
vocação, integrando comunidades, transitando com incrível naturalidade e
contrapondo uma certa arrogância vulgar dos poderosos, posicionando-se sempre a
favor da dúvida, forte, marcando uma trilha de amizades, de controvérsias e
quantas vezes passaste do mando para a mais secundária das posições sem nunca
ter perdido a dignidade, não a postural, a adquirida, mas a espontânea.
Pediste em
troca apenas o direito de sonhar. E, de sonhar, a graça de ver erigido o modelo
esboçado nas noites mal dormidas. Se erigido o sonho, apenas o indizível
privilégio de constatar o usufruto de tua obra por parte de uma comunidade
satisfeita, repleta de saúde.
Descobriste no
simples a timidez agressiva, a discrição do anonimato, o "anima" das
comunidades que não deve ser deturpado pelo cientificismo, nele buscando as
mais complexas soluções. Foi assim que as encruzilhadas do acaso nos fizeram
conviver, revivemos juntos as angústias daquela aula de trinta anos atrás em
busca de novas exigências entre a fantasia de um setor cartorial, clientelista,
politicamente desgastado de uma porção oligárquica e malditamente hegemônica e
o verdadeiro interesse das populações menos assistidas, que pelo menos
basicamente têm o direito assegurado constitucionalmente a um sistema de saúde
organizado. E não o têm.
Lembro-me de um
episódio no Congresso Nacional em que um funcionário te advertira pela falta do
paletó obrigatório. Perguntaste:
- Roubar pode?
E tu mesmo
respondeste:
- Sim, pode. De
paletó!
Lembro-me bem
de tua euforia no Ministério da Saúde. Eles haviam descoberto a pequena equipe,
o posto pequeno, a pulverização dessas gotículas de sanidade na intimidade do
tecido social. O distrito de Saúde. Hoje o próprio Ministério está a criar e a
difundir 2.000 novas equipes do Programa de Saúde da Família. Econômico,
eficiente, racional.
Diferentemente
dos "colarinhos brancos", emergimos de um período como Diretores do
Grupo Hospitalar Conceição, como chegamos: pobres financeiramente, mas
enriquecidos por uma sólida experiência. Saímos acompanhados da verdade e de
uns poucos amigos, cuja história, por um determinismo indeterminado, um dia
fará justiça. Tiveste a bravura da denúncia. Jamais foste colhido pela omissão.
Relegado à
"soldadania rasa", altaneiro, recomeçaste, ensinando e voltando ao
início, para percorrer nova estrada, desta feita, espargindo experiência,
riqueza de conhecimentos e esta imensa energia de todos os recomeços, em busca
deste teu destino exemplar.
É esta
inacreditável capacidade de recuperação, rejuvenescendo a cada passo,
prevenindo, curando, promovendo a saúde, que hoje homenageamos teu viver,
discreto e prodigioso, que nos encanta, que nos humaniza.
E te vejo, na
porta de uma UTI, apoiado em duas bengalas, socorrendo, tomando iniciativas,
exigindo providências, aumentando o número de leitos, indo aos palácios sem
perder a naturalidade, falando com os reis, de igual para igual com a mera e
banal simplicidade que exigem as relações de um médico. Não apenas um Médico!
Mas "O Médico", Carlos Grossman, a partir de hoje afagado
publicamente por toda uma população reconhecida. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passo a palavra à Vera. Clênia Maranhão, que
falará por sua Bancada, o PMDB.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu queria,
inicialmente, parabenizar o Ver. Juarez Pinheiro pela feliz e justa iniciativa
de sugerir a transformação do Dr. Carlos Grossman em Cidadão Emérito de Porto
Alegre.
É muito
importante estarmos nesta tarde reunidos, apesar do calor e da superlotação do
nosso Plenário. Eu queria dizer que uma Câmara de Vereadores existe é para
fazer leis, fiscalizar, levantar os problemas da cidade; mas também é para
compreender e, compreendendo-a, fazer com que esta compreensão seja apropriada
pelo conjunto dos seus cidadãos. Compreender a totalidade de Porto Alegre é,
seguramente, compreender as ações de saúde comunitária que há mais de 20 anos
aqui se iniciaram, desafiando o tempo, as sucessivas crises conjunturais da
saúde, a crise estrutural, que prossegue, as discussões sobre a falta de
financiamento.
Colocando o
usuário, o comunitário, o universal, o preventivo, o humanitário, acima do
institucional fechado, do curativo, do tecnocrata, do saber eletivo, o Dr.
Grossman transformou Porto Alegre num exemplo de saúde pública, ainda não
totalizado.
Conhecer o Dr.
Grossman é um privilégio, porque ele é daqueles cidadãos que provam que a
crença somada à competência, à obstinação e à preocupação com o bem comum,
garante coisas que parecem impossíveis em uma sociedade individualista como a
nossa.
Conhecer o Dr.
Grossman me faz orgulhosa por muitos motivos, pelo seu exemplo, pelos projetos
desenvolvidos na Zona Norte, no Murialdo, no Hospital Conceição, no Ministério
da Saúde, e por tantos outros que poderia citar.
Queria falar de
uma coisa muito pequena, mas que me faz lembrar um fato particular de minha
vida. Quando eu era Presidente da Comissão de Saúde desta Casa, realizamos um
grande debate sobre saúde comunitária, com a presença de técnicos cubanos. Vi
uma pessoa de muletas, subindo as escadas da Câmara. Era o Dr. Grossman. Se não
o fosse, provavelmente seria atendido por ele. Mas, apesar de doente, o Dr.
Grossman, com o brilhantismo de quem sabe e com o coração aberto, encantou a
todos no debate, influindo, quem sabe, em muitos outros municípios do interior
do Estado que estavam aqui representados.
Ainda lembro de
outro fato que vivenciei. Tive o privilégio de representar a Câmara numa
comitiva governamental, organizada pelo Governo do Estado, para fazer um
intercâmbio com o sistema de saúde cubano. Visitamos clínicas, centro de pesquisas,
ministérios.
Um belo dia,
quase completado o nosso roteiro, vivíamos o momento mais emocionante que era
visitar os trabalhos de execução com as comunidades de Havana e o famoso
Policlínico, dirigido pelo professor Cosme Ordones, Plaza de La Revolución.
Éramos
apresentados à equipe que dirigia aquela Instituição. Apresentavam todos:
governadores, deputados e secretários. Eu fui apresentada como Vereadora de
Porto Alegre, a Cidade onde estava o Hospital Conceição e a Cidade que era a do
Dr. Gosssman.
Foi com uma
emoção muito grande, vi chorar a equipe que lá estava.
Muito obrigada
por estar aqui, hoje, permitindo que lhe preste esta homenagem. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos dizer que estamos muito honrados
com a presença do Dr. Tarso Genro que se integra a esta homenagem ao Dr.
Grossman.
Nós deveríamos
discursar, mas como estamos presidindo os trabalhos da Sessão registramos que é
uma honra poder homenagear o Dr. Grossman neste momento.
Vamos assistir
à uma apresentação do Coral da Terceira Idade.
(Apresentação do Coral.)
Agradecendo ao
Coral da Terceira Idade que deu um toque especial a nossa homenagem, queremos
agora realizar o ato formal da entrega ao Dr. Carlos Grossman do Título de
Cidadão Emérito de Porto Alegre. Para tanto, solicito que nos dê o prazer de
vir até a Mesa aquele que foi o iniciador de todo esse processo de
reconhecimento público do Legislativo da Cidade a esse destacado médico
comunitário. Convidamos o Ver. Juarez Pinheiro, juntamente com o Sr. José
Fortunati, Vice-Prefeito de Porto Alegre, para que entregue ao nosso
homenageado o correspondente diploma.
(Procede-se à entrega do
Título de Cidadão Emérito.)
A Câmara
Municipal curva-se à imposição da comunidade, solidária com a homenagem que estamos
prestando ao Dr. Carlos Grossman e quer, objetivamente, a ela se somar. Por
isso, convido que venha à Mesa Diretora o Sr. Branquinho e a Sra. Alba Correia
que, representando a Intercomunitária do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo
Hospitalar Conceição, querem entregar um mimo ao Dr. Grossman, e da mesma forma
convido a Sra. Terezinha de Lima, que representa os Agentes de Saúde
Comunitária do Hospital Conceição que quer entregar um cartão de prata ao nosso
homenageado.
(É feita a
entrega.)
É com muita
honra e satisfação que concedo a palavra ao nosso mais novo integrante da
galeria dos Cidadãos Eméritos de Porto Alegre, Dr. Carlos Grossman, para que
faça a sua saudação, já agora, por lei, na condição de Cidadão Emérito de Porto
Alegre.
O SR. CARLOS GROSSMAN: Faltou uma coisa que ninguém
disse: que sou muito chorão. Para dar um exemplo de como essa coisa da saúde
comunitária vai longe, vou citar o Fontana, que entrou lá criança e olha aonde
ele está, e vai longe.
Eu quero
dividir a homenagem com muitas pessoas que, de fato, trabalharam. Quero
destacar, como exemplo, a vovó Nair, que já estava lá na Barão de Bagé muito
antes de pensarmos esse assunto, que se juntou a nós e nós a ela, para
trabalharmos o assunto saúde na comunidade; a Dona Mérica, que já foi
homenageada; a Maria Helena; o Sr. Labatu.
Menciono essas
quatro pessoas, como exemplo de muitas outras, que participaram deste mutirão
pela saúde.
Poderia
mencionar muitos daqueles que nós chamamos técnicos, mas que, na verdade,
trabalham de igual para igual, como as "vovós Nair", porque nós somos
iguais. Menciono também alguns poucos como: a Cristine Lemos, a Lisiane, o João
- ele entrou lá com 17 anos como voluntário de saúde; hoje, ele é chefe de tudo
- , a Jeane.
Essas poucas
pessoas que eu menciono são exemplos do trabalho da saúde. Sejam técnicos em
saúde ou técnicos administrativos, todos eles são iguais no sentido de que
ajudam as pessoas a se manterem saudáveis, a se aliviarem dos seus males.
Tenho pouco a
dizer. Tantas coisas foram ditas e tantos, aqui, trabalharam juntos. Esta
homenagem, esta confraternização, esta alegria, este apreço têm, para mim, um
significado maior do que a homenagem a mim, pelo que também trabalhei, pelo que
contribuí. Significa mais: a satisfação de todos com o que foi feito, a alegria
de que uma obra assim tenha sido feita com a contribuição de tanta gente, de
uma forma amigável, e que deve servir de exemplo para outras comunidades, como
está servindo, por exemplo, ao Programa de Saúde da Família, do Governo Federal.
E isso se inspirou em diversas experiências semelhantes no País, principalmente
a nossa.
Então, como um
dos oradores falou, tentando imitar o escritor José Saramago que diz que a
gente tem que dizer não, e tem que dizer não para o que está aí, e tratar de
fazer melhor.
Acho que é isto
que fizemos, dissemos não a esta saúde freqüentemente malfeita, freqüentemente
fazendo as pessoas sofrer mais pelo atendimento do que pela própria doença, a
isto temos dito não. E felizmente temos dito não com sucesso.
Quero
compartilhar com todos esse momento, esse sentimento de que fizemos juntos.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecendo a presença de todos, nos
escusando pelo desconforto, pelas más-condições apresentadas pelo nosso
Plenário, nesta tarde, convidar a todos para, de pé, ouvirmos no encerramento
da nossa sessão solene, em que foi entregue o título de Cidadão de Porto Alegre
ao Dr. Carlos Grossman, o Hino do Rio Grande. Após, convidamos a todos para
partilhar do coquetel que será oferecido no salão de entrada e para a Sessão
Solene, que será realizada às 17 horas, destinada à entrega do título
honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Poeta Luiz de Miranda.
Muito obrigado
a todos. E nossas sinceras homenagens ao distinto Cidadão de Porto Alegre, Dr.
Carlos Grossman.
(É executado o Hino
Rio-Grandense. )
Estão
encerrados os trabalhos desta Sessão Solene.
(Encerra-se
a Sessão às 16h45min.)
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