ATA DA TRIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 09.12.1997

 


Aos nove dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Senhor Carlos Grossman, nos termos do Projeto de Resolução nº 15/97 (Processo nº 1472/97), de autoria do Vereador Juarez Pinheiro, por solicitação do Vereador Renato Guimarães. Compuseram a Mesa: o Vereador Reginaldo Pujol, 2º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor José Fortunati, Vice-Prefeito Municipal, representando o Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Rubens Echeverria, representando o Senhor Carlos César de Albuquerque, Ministro da Saúde; o Vereador Henrique Fontana, Secretário Municipal de Saúde; o Senhor Flávio Kanter, representando a Secretaria Estadual da Saúde e do Meio Ambiente; o Capitão Eduardo Passos Mereb, representando o Comando-Geral da Brigada Militar; o Doutor Carlos Grossman, Homenageado; o Vereador Juarez Pinheiro, na ocasião, Secretário "ad hoc". Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças das Senhoras Dóris Grossman, Ana Grossman, Alice Grossman e Sofia Grossman e do Senhor Júlio Grossman, familiares do Homenageado; da Senhora Lilian Nunez; dos Senhores Valmir Labatur Rosa e Sandra Ferreira, representando a Unidade Coinma do Grupo Hospitalar Conceição; da Senhora Lisiane Perico, Chefe da Unidade da Divina Providência do Serviço de Saúde Comunitária; do Senhor Selvino Heck, representando a Direção do Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB; do Senhor Ivo Fortes, representando o Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre; da Senhora Lídia Suzana Demeneghi, representando o Hospital Moinhos de Vento, Superintendente Assistencial desse Hospital; dos Senhores Djalmo Sanzi Souza, Elizabete Calin Nadir e Bruno Costa, respectivamente, Chefe da Divisão de Saúde Comunitária, Chefe do Serviço de Saúde Comunitária e ex-Diretor do Grupo Hospitalar Conceição. Também, foi registrado o recebimento de correspondência alusiva à presente solenidade, de autoria do Senhor Nelson Boeira, Secretário de Estado da Cultura; do Senhor César Buzatto, Secretário de Estado da Fazenda; do Senhor João Carlos Vasconcellos, Diretor-Presidente da Empresa Portoalegrense de Turismo - EPATUR. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional, e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Juarez Pinheiro, em nome das Bancadas do PT, PTB, PPS e PSB, discorrendo sobre a trajetória profissional<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm> e pessoal do Homenageado, afirmou ter sido a vida do Senhor Carlos Grossman sempre marcada pela preocupação com a comunidade mais carente, o que se observa, de maneira especial, nas atividades por ele desenvolvidas junto ao Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou a todos para ouvirem a execução da música "Saudação", pelo Coral de 3ª Idade do Serviço Social do Comércio - SESC, regido pelo Maestro Aluisius Staub. O Vereador Elói Guimarães, em nome da Bancada do PDT, saudou o Homenageado, afirmando que, se Porto Alegre é considerada como a capital com melhor qualidade de vida do País, tal se deve, em grande parte, aos serviços prestados em benefício da população por cidadãos como o Senhor Carlos Grossman. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPB, declarando ter acompanhado vários momentos importantes da trajetória do Homenageado, ressaltou ser ele "um homem solidário com a sua coletividade, com seus amigos, com aqueles que dele precisam" e formulou votos para que tais qualidades tenham prosseguimento no quotidiano futuro de Sua Senhoria. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome da Bancada do PSDB, congratulou-se com o Senhor Carlos Grossmann, salientando a importância da valorização, por este Legislativo, da capacidade do ser humano de lutar pela preservação da vida, o que se exemplifica na função promotora da saúde exercida pelo Homenageado. A Vereadora Clênia Maranhão, em nome da Bancada do PMDB, ressaltou a justeza da presente homenagem, como o reconhecimento da Cidade ao trabalho realizado pelo Senhor Carlos Grossman, cuja presença foi básica para a viabilização do programa de saúde comunitária em Porto Alegre. Após, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Tarso Genro, ex-Prefeito de Porto Alegre, e, a seguir, convidou a todos para a execução de número musical pelo Coral da 3ª Idade do SESC, regido pelo Maestro Aluisius Staub. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o Vereador Juarez Pinheiro e o Vice-Prefeito José Fortunati a procederem à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Senhor Carlos Grossman. Após, os Senhores João Branquinho e Alba Correia, representando a Intercomunitária do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição, e a Senhora Terezinha de Lima, representando os Agentes de Saúde do Serviço Comunitário do Grupo Hospitalar Conceição, procederam à entrega de lembranças ao Homenageado. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Carlos Grossman, que agradeceu o Título recebido da Casa. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Riograndense. Ainda, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, informou que seria oferecido um coquetel, logo após esta solenidade, e declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e quarenta e cinco minutos, convidando os presentes para a Sessão Solene a ser realizada às dezessete horas, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Poeta Luiz de Miranda. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Reginaldo Pujol e secretariados pelo Vereador Juarez Pinheiro, este como Secretário "ad hoc". Do que, Juarez Pinheiro, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Na condição de Presidente em exercício da Câmara Municipal de Porto Alegre, tenho a honra de dar início aos trabalhos da 37ª Sessão Solene que se destina a entregar o título de Cidadão Emérito ao Dr. Carlos Grossmann, que decorre do Projeto de Resolução nº 015/97, Processo nº 1472/97, cujo proponente é o Ver. Juarez Pinheiro.

Convido para integrar a Mesa o nosso homenageado Dr. Carlos Grossmann e solicito ao Ver. Juarez Pinheiro que o introduza no Plenário. (Palmas.)

Com idêntica satisfação convido o Vice-Prefeito Municipal Sr. José Fortunati que nos prestigia, para compor a Mesa. (Palmas.) Convido também o ilustre Dr. Rubens Echeverria, que representa o Dr. César de Albuquerque, Ministro da Saúde. (Palmas.)

Com muita satisfação convido o nosso colega Ver. Henrique Fontana, atualmente titular da Secretaria Municipal de Saúde e o Dr. Flávio Kanter representando o Secretário Estadual de Saúde e do Meio Ambiente para comporem a Mesa. (Palmas.) Também convido o representante do Comando-Geral da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Sr. Eduardo Passos Mereb (Palmas.) Constituída a Mesa, como primeiro ato desta Sessão, convido os presentes para que ouçamos a execução do Hino Nacional.

 

(Procede-se a execução do Hino Nacional.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tenho a satisfação de passar a palavra ao Ver. Juarez Pinheiro, Vereador proponente desta homenagem, que foi aprovada por unanimidade. O Vereador falará em nome das Bancadas do PT, PTB, PPS e PSB.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: (Saúda os componentes da Mesa.) Para mim é uma grande honra estar aqui a homenagear uma das pessoas que mais contribuiu com a Saúde Pública, não só nesta Cidade que hoje lhe entrega o título de Cidadão Emérito, mas também no Estado e no País.

Certa vez, em uma cerimônia como esta, eu disse que gostaria de ser um bom orador para poder enaltecer os méritos do então homenageado. Hoje, nesta homenagem, Dr. Carlos Grossman, não tenho essa preocupação. O Dr. Carlos Grossman é tão grande, tão raro, tão especial, que por mais brilho que possa ter na oratória, nunca conseguiremos ressaltar todas as suas virtudes e o seu brilho. Por mais singelo que seja o discurso, a simples evocação de seu nome tocará a nossa emoção.

Com o Dr. Carlos Grossman acontece o fenômeno muitas vezes relatado na Literatura em que o autor se confunde com a sua obra e esta com o autor. Impossível evocar o seu nome sem que lembremos do Murialdo, sem que lembremos do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição. Mesmo que não tenhamos a pretensão de defini-lo, é justo assinalar-se que ele é uma pessoa especial, singular, rara, extraordinária, ímpar. Um poeta realizou a sua utopia, que tem na serenidade e persistência a principal arma para dizer não ao senso comum para transformar.

Como médico, aliando inteligência, vasto saber científico e impressionante disposição para o estudo e a pesquisa tem se notabilizado sobremaneira. Na cátedra, como formador de novos profissionais, é o responsável principal pela definição de carreiras de centenas de médicos, alguns deles com atuação destacada inclusive no exterior. Humanista, preocupado com os mais humildes, penetrou na alma das comunidades pobres e em benefício destas criou o Serviço de Saúde Comunitária, fazendo ressurgir a figura do médico de família.

São essas as razões que hoje estão aqui para homenageá-lo as mais altas autoridades do Poder Executivo: o Sr. Vice-Prefeito José Fortunati, representando o Prefeito, o ex-Prefeito Tarso Genro que, em breves momentos, deve chegar a esta Casa, as autoridades da saúde, seus colegas, seus amigos, seus familiares e, acima de tudo, aqueles que no início deste pronunciamento, por nervosismo, eu deixei de saudar, são os usuários do serviço de saúde comunitária que hoje vêm aqui dar o seu abraço e o reconhecimento pela sua obra.

O Dr. Carlos Grossman nasceu na Cidade de Porto Alegre, em 02.01.1928, e durante toda a sua vida profissional caracterizou-se pela atuação em diversas áreas: a) clínica particular, com consultório de clínicas médicas; b) ensino de medicina a estudantes e médicos residentes de medicina interna ou medicina geral comunitária; c) saúde pública - especialmente no atendimento à comunidade.

Cursou o primário em Patronato Agrícola, no Instituto Pinheiro Machado, da extinta Universidade Técnica do Rio Grande do Sul (1935-1938). Matriculou-se no ginásio do Colégio Júlio de Castilhos (1939-1945). Enquanto estudante, envolveu-se com as atividades do Grêmio Estudantil. Criou um fundo Rotativo para aquisição de livros didáticos a serem usados por estudantes pobres.

No Grêmio Estudantil ganhou o primeiro lugar no concurso literário com biografia de Júlio de Castilhos.

Foi classificado em primeiro lugar no vestibular da Faculdade de Medicina da UFRGS (1946). Foi classificado em primeiro lugar no Congresso Científico de Estudantes, realizado em Niterói, com o trabalho comparativo entre Desenvolvimento Físico de Crianças Pobres e Ricas em Porto Alegre. Formou-se em Medicina (1951). Realizou a Residência Médica (Medicina Interna) nos Estados Unidos da América do Norte (1952-1954). Inicia-se no magistério. Foi Professor Assistente da Cátedra de Terapêutica Clínica - Catedrático: Professor Eduardo Z. Faraco, Faculdade de Medicina/UFRGS (1955-1970). Participante destacado da criação da Primeira Residência Médica no Rio Grande do Sul, com apoio e financiamento da Fundação Kellog (Medicina Interna), com duração de dois anos, nas enfermarias 38 e 29 da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, nas Cátedras de Terapia Clínica e Propedêutica Médica da Faculdade de Medicina da UFRGS (1961). Instrutor de Medicina Interna da Residência de Medicina Interna do Hospital Nossa Senhora da Conceição (1973/1978).

Participa da criação da primeira Residência em Saúde Comunitária (simultaneamente com Recife-PE) na unidade Sanitária Murialdo da Secretaria de Saúde e meio ambiente do Rio Grande do Sul (1974/1976). Assume como Coordenador-Chefe das Residências dos Hospitais Nossa Senhora da Conceição, Hospital da Criança, Hospital Cristo Redentor - de Medicina Interna, Cirurgia Geral, Pediatria, Ginecologia/Obstetrícia, Cirurgia Vascular, Radiografia, Traumatologia, Ortopedia e Neurocirurgia - com cerca de 200 doutorandos e 200 médicos residentes em treinamento (1978/1981).

Cria a Residência de Medicina Geral, 2 a 3 anos mais tarde a de Medicina Geral e Comunitária, admitindo 25 médicos, anualmente (1980). Como decorrência da Residência em Medicina Geral e Comunitária se inicia, na Zona Norte de Porto Alegre, - onde está localizado o Hospital Nossa Senhora da Conceição - a criação, por solicitação da comunidade, de postos de saúde com equipes multidisciplinares, mas contando, obrigatoriamente, com médicos gerais comunitários nos atendimentos. Foram criados 13 postos, compreendendo, inicialmente, uma população aproximada de 120.000 habitantes em comunidades geograficamente delimitadas. Emprega 50 médicos gerais, em regime de 8 horas efetivamente trabalhadas, em dois turnos (das 8 às 16 e das 12 às 20 horas), além de outros profissionais (1983). Cria no Grupo Hospitalar Conceição uma assessoria a municípios na área de saúde comunitária, prestando informações e apoio técnico no planejamento e implantação de serviços de saúde, no Rio Grande do Sul e em outros estados (1992). Participa, com outros médicos do Serviço de Saúde Comunitária, da criação do Programa de Saúde da Família, do Ministério da Saúde, sendo Ministro, Henrique Santillo. Participa do desenvolvimento da pesquisa em várias reuniões de trabalho, em Brasília e em outras cidades (1993). A Grã-Bretanha elege o Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição para oferecer programa de intercâmbio científico. No decorrer do período, vários médicos gerais e enfermeiras visitaram e trabalharam no desenvolvimento do Serviço, num convênio com a Universidade de Londres, através do Conselho Britânico, seguindo recomendação da Drª Elisabeth Russell de Aberdeen, conforme seu relatório da visita ao Brasil (1985/1990). Atividades Associativas. Diretor da Revista Médica do Centro Acadêmico Sarmento Leite da Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Participa na Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) do estudo de viabilidade da revista Médica da AMRIGS, sendo, depois, seu Redator-Chefe. Participou do estudo de viabilidade do Programa de Educação Continuada da AMRIGS. Depois foi seu dirigente, assim como do exame da AMRIGS,destinado a avaliar médicos recém-formados e suas escolas. Diretor do Hospital Conceição (1978). Foi Diretor Técnico do Grupo Hospitalar Conceição (1993-1994). Profere aula inaugural do Curso de Medicina recém criado pela ULBRA - Universidade Luterana do Brasil, em Canoas (1996). Assessora a ULBRA na orientação de seu Curso de Medicina para formação de médicos gerais. Viaja a Cuba, pela ULBRA e pelo Governo do Estado RS para observar o Sistema de Saúde na Comunidade (1996). Assessora, desde dezembro de 1996, o Centro de Saúde Murialdo da Secretaria de Saúde e Meio ambiente do Estado do RS, na sua reestruturação e qualificação para tornar-se centro de pesquisa e referência nas áreas de prestação de serviços na comunidade e na formação de pessoas para esses serviços.

Homenagear o Dr. Carlos Grossman com a distinção do título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre, significa homenagear um dos homens nascidos nesta Cidade com maior acúmulo de contribuição à saúde pública deste País, tanto sobre o prisma da contribuição científica, quanto sobre o prisma de iniciativas práticas e revolucionárias.

O nome do Dr. Grossman hoje se confunde com o Serviço de Saúde Comunitária do GHC, iniciativa da qual foi mentor e um dos principais construtores. Este serviço, com aproximadamente 15 anos de existência está atualmente estruturado em 13 Postos na Zona Norte de Porto Alegre. Beneficiando principalmente populações carentes, é responsável pelo atendimento à saúde, com qualificação, de aproximadamente 200.000 pessoas. Com altíssimo índice de resolução (95%) o Serviço destaca-se, ainda, por fazer o atendimento médico e odontológico nas proximidades de casa, evitando a corrida aos hospitais. O atendimento domiciliar, que também realiza, ressuscitou a figura tradicional e querida do médico de família.

Permita-me, Dr. Grossman, que, como já dissemos tem seu nome confundido com sua obra, dizer que homenageá-lo é também dizer sim a uma saúde pública de qualidade; é dizer sim ao direito constitucional de atenção universal e integral à saúde; é reafirmar o SUS, conquista histórica dos militantes envolvidos com saúde pública; é homenagear, também, todos os que o ajudaram a erigir sua obra: médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, agentes comunitários.

É homenagear as comunidades da Zona Norte que também foram decisivas na constituição do Serviço de Saúde Comunitária e que hoje lutam por sua manutenção. É dizer sim à vida. É dizer que saúde não é mercadoria.

Doutor Grossman, médico extraordinário, Cidadão Emérito de Porto Alegre, meus caminhos, de vez em quando, têm se cruzado com os seus. Primeiro, o senhor Chefe do serviço de Saúde Comunitária, eu militante do Serviço de Saúde Comunitária. Depois, eu Diretor Administrativo e Financeiro do Grupo Hospitalar Conceição, o senhor Chefe da Divisão Comunitária. Depois, o senhor Diretor Técnico do Grupo Hospitalar Conceição, eu, novamente, militante comunitário. Agora, como Vereador de Porto Alegre lhe prestando esta homenagem.

Quero dizer que estes encontros têm me ajudado a crescer e, talvez, eu nem existisse como expressão pública se eles não tivessem acontecido. Eu também sou um pouco fruto de sua obra. E me orgulho disso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos anunciar como extensão da Mesa a Sra. Dóris Grossman, esposa do nosso homenageado, bem como a sua companheira Sra. Lilian Nunez e, seus filhos Ana, Júlio e Alice, sua sobrinha Rosa, de Curitiba, e sua irmã Sofia Grossman. Por idêntica razão, como bem disse o Ver. Juarez Pinheiro, homenagear o Dr. Carlos Grossman sem falar na medicina comunitária é impossível. Então, referenciamos aqui com muita satisfação as presenças de pessoas que também queremos que sejam integrantes da Mesa Diretora: Sr. Valmir Labatur Rosa, representante da Unidade Coinma do Grupo Hospitalar Conceição; Sra. Lisiane Perico, Chefe da Unidade da Divina Providência do Serviço de Saúde Comunitária; Sr. Selvino Heck, representante da Direção do Departamento Municipal de Habitação; Sr. Ivo Fortes, representante do Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre, que passará a partir de hoje a ter um novo integrante, exatamente o nosso homenageado; Sra. Lídia Suzana Demeneghi, representante do Hospital Moinhos de Vento, Superintendente Assistencial deste hospital; Sr. Djalmo Sanzi Souza, Chefe da Divisão de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição; Sra. Elizabete Calin Nadir, Chefe do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição e Sra. Sandra Ferreira, Chefe da Unidade Coinma do Grupo Hospitalar Conceição. A todos, eu solicito que se considerem integrantes da Mesa Diretora dos trabalhos eis que todos nos dão grande satisfação e grande alegria por estarem aqui presentes. Em nome da Casa, peço escusas a nossa distinta platéia pela circunstância de que um problema na nossa rede elétrica tenha prejudicado o sistema de ar-condicionado, o que está trazendo alguns transtornos nesta hora. Agradecemos a todos pela tolerância e registramos como integrante da mesa o Dr. Bruno Costa, ex-Diretor Técnico do Grupo Hospitalar Conceição.

Passo a palavra ao Ver. Elói Guimarães, que fala em nome do PDT.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: (Saúda os componentes da Mesa.) Vejo também aqui o Ivo Costa, o João Veppo e sua esposa, o Coral da Terceira Idade do SESC. Quero também cumprimentar uma pessoa que é uma militante das causas que dizem respeito à saúde comunitária, e falando o seu nome quero homenagear a todas as pessoas que militam em prol da saúde, que é a Dona Mérica. (Palmas.)

Comunidades aqui presentes, em especial da Zona Norte.

Mas o Presidente referia o calor desta solenidade, porque os aparelhos de ar condicionado estão com deficiência. Mas o maior calor que sentimos é o calor humano, da solidariedade, do carinho de todos vocês, que representam as diferentes comunidades, para com esta figura quase santa, amigo que é, o Dr. Carlos Grossman.

Seria de indagar ao Sr. Presidente e aos convidados que outra instituição, nesta Cidade, teria melhor representação para conferir esta homenagem, senão a Câmara Municipal de Porto Alegre.

Tenho dito nesta Casa que este é um dos grandes títulos que se concede àquele que realiza obras, serviços na Cidade de Porto Alegre, porque aqui na Câmara se deposita a vontade política, eleitoral da Cidade de Porto Alegre. Estão aqui todos os segmentos ideológicos.

Então, este título de cidadão é extremamente importante porque é a vontade da Cidade de Porto Alegre, traduzida nesta homenagem e no título que V. Sa. vai receber, mas vai receber pelo que realiza, pelas obras magníficas que fez.

Há homens que constroem estradas, usinas, pontes; mas há outros homens que constroem saúde. V.Sa. é daqueles que constroem a saúde, o bem-estar e quando se fala na qualidade de vida na Cidade de Porto Alegre, uma das cidades que detém a melhor qualidade de vida, temos que olhar para um homem como esse. Homens como esse, somado a tantas e tantas outras iniciativas, é que fez com que a Cidade de Porto Alegre tenha essa qualidade de vida. Não se pode medir o que o Dr. Grossman realizou para a Cidade de Porto Alegre e, especialmente, para a Zona Norte. Eu sou um profundo conhecedor da Zona Norte e posso avaliar, efetivamente, o que representou o trabalho de V. Sa., fazendo essa sentinela avançada de saúde comunitária, indo atrás da nossa gente, da gente pobre das vilas. Isso, inquestionavelmente, representou, para aquela área e para Porto Alegre, uma significação muito grande em termos de prevenção de saúde. Temos menos doentes, hoje, na Cidade, mercê da obra maravilhosa que V. Sa. realizou.

 

O Dr. Grossman realizou, no Hospital Conceição, uma obra de saúde comunitária que foi destacada na Grã-Bretanha como um movimento de intercâmbio científico no mundo. Vejam a magnífica obra que esse homem realizou para a Cidade de Porto Alegre.

Receba, Dr. Grossman, de Porto Alegre - quando um Vereador fala, é a Cidade, é o povo que fala - o agradecimento por seu trabalho, por sua dedicação, por seu cuidado à frente desse importante setor. Todos os setores são importantes - a habitação, a educação -, mas há um em que a "conditio sine qua non" é a saúde. Não há trabalho, não há educação sem a saúde. Então, hoje, estamos homenageando exatamente aquele que pelo seu trabalho, sua profissão, sua dedicação é um construtor do ser humano, da qualidade de vida do ser humano.

 Receba, Dr. Grossman, a nossa homenagem que é, nada mais, nada menos, que uma gratidão da Cidade de Porto Alegre que faz a V. Sa. pelo trabalho que realizou neste campo da saúde, neste campo social. E que vai continuar realizando, pois é um homem que está aí, jovem, com brilhos, com saúde. E que Deus o proteja por muitos e muitos anos para que continue ajudando a população de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE: Tenho a satisfação de informar o recebimento de várias correspondências de pessoas, que impossibilitadas de comparecer se integram, se solidarizam com este acontecimento: Dr. Nelson Boeira, Secretário de Estado da Cultura; Dep. César Buzatto, Secretário de Estado da Fazenda; Diretor-Presidente da Empresa Portoalegrense de Turismo, Sr. João Carlos Vasconcellos, que formalmente se dirigiram à Casa, justificando sua ausência e se integrando com a homenagem que hoje se realiza.

Com a palavra o Ver. João Dib, que fala pelo PPB.

 

O SR. JOÃO DIB: A solidariedade converte em direito o que a caridade dá em favor. (Saúda os componentes da Mesa.) Queridos familiares do nosso homenageado, queridos amigos do nosso homenageado Dr. Carlos Grossmann. Conheci Carlos Grossmann quando ele saía daquele maravilhoso colégio Júlio de Castilhos e eu a ele chegava. Tínhamos amigos em comum e isso fez com que eu acompanhasse a sua trajetória. Sempre digo que o tempo não passa, nós é que passamos marcando o tempo pelas nossas realizações, pelos nossos feitos, pelas nossas verdades e aí o nosso Cidadão Emérito marcou profundamente o tempo e, felizmente, vai continuar marcando por muito mais tempo. Vou ser breve como deve ser o pronunciamento para amigos do homenageado, que sabem tudo sobre ele. Mas preciso dizer que as coisas que acompanhei como amigo de Carlos Grossmann, como admirador de Carlos Grossmann, eu devo acrescentar uma, e foi por isso que iniciei falando em solidariedade. Carlos Grossmann é um homem solidário com a sua coletividade, com seus amigos, com aqueles que dele precisam. Peço a Deus que continue permitindo que ele continue solidário, que ele continue amigo e que ele tenha todas as razões para dar satisfação para si e para seus familiares. Saúde e paz! Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, representando o PSDB.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: (Saúda os componentes da Mesa.) Há poucos dias lembrava de uma aula do início da década de sessenta, que absorvíamos sedentos de saber e como proceder, quando lecionavas na cadeira do Prof. Eduardo Faraco, com "A Angústia", em que falavas e nos conscientizavas, além de um quadro clínico, desta nossa mania de rotular e carimbar a tudo e a todos com esta insegurança e este dessaber que nos torna didáticos, monótonos e cartesianos.

Quem já não se apercebeu desta sensação de estreitamento de caminhos, desta profunda impotência que nos assola no final de milênio, algumas delas tão antigas, a nos desafiar e a ridicularizar nossos foros científicos de autoridades do conhecimento e de sua transmissão? E a nos provocar este profundo e torturante sentimento de angústia?

A angústia da hora, dos milhares de sinais vermelhos em nossos caminhos, tão pedregosos, de tantos espinhos e tão raras rosas, das bombas, dos holocaustos, do desemprego, da AIDS, da incompreensão, da banalização da vida, das pesadas mazelas com as quais somos obrigados a conviver e muitas vezes a carregá-las como um fardo insuportável.

Entre elas, esta luta constante contra nossa mediocridade, contra as burocracias, contra o inarrendável das corporações, contra a hipocrisia nas prestações de serviço.

Devíamos estar extintos como espécie, pela severidade que atinge nosso poder de destruição. Mas o homem à sua mais grotesca incompetência consegue o milagre do contraponto. E faz da miséria, da fome, desta apocalipse cotidiana, a energia da reação, passando da mais vil de suas baixezas à glória da criação, da bonomia, fazendo da humanização um lenitivo, transformando-a em solidariedade, em amor, passando do "homo sapiens" para o "homo faber" e para o "homo ludicus" com a permissividade da fluência dos tempos.

E é exatamente disto que gostaria de falar nesta tarde tão feliz, em que o título de cidadania é apenas uma formalidade em face do cidadão exemplar, da figura ímpar que emerge como médico de uma sociedade que adoeceu e que necessita, pungentemente, de muitos Carlos Grossman. Todas as pessoas que tem tido a ventura de conviver mais perto contigo usufruíram, permanentemente, desta invejável vocação para explicar a intimidade dos fenômenos, dissecá-los, e transformar sua complexidade no simples que só os sábios traduzem.

Tens a matemática certeza da dúvida e da insegurança a conduzir pelas estreitas saídas do espontâneo coletivo toda a sabedoria das decisões e do sucesso dos empreendimentos.

Como profissão escolheste o mais difícil dos caminhos, o do povo, o do inconsciente coletivo que emana dos microconhecimentos sociais e que unidos derrubam teses universitárias, rasgam diplomas e fazem do mero, do simples, do singelo, o verdadeiro caminho de resgate das imensas dívidas sociais que tão penosamente contraímos e que a temos gerenciado de forma tão incapaz.

O que tens feito? Eu respondo. Ensinado. Abriste mão há muito tempo da láurea acadêmica para fazer academia nas vilas de Porto Alegre. É aí o teu sítio de criação. Basta ver o "facies" das pessoas presentes hoje aqui. Ensinas, diariamente, teus acompanhantes a ver com clareza a grande proximidade que existe entre a mais fina tecnologia de ponta a mais avançada, com a mais sofisticada elegância que só a natureza poderia arquitetar: a cabeça, o pensamento do médico que desempenha o mais importante dos papéis, se armado apenas de seus conhecimentos, da sua solidão, perante os enigmas da doença, das epidemias, das pragas. Ou no interior de um casebre periférico, onde fome e superpopulação formam o panorama de seu cotidiano. Ou, ainda, armado até os dentes com a melhor tecnologia na colossal arquitetura dos hospitais, das superespecialidades, nunca foram incompatíveis, nunca foram antagônicos, sempre foram complementares. Tu ensinaste, despertando vocações, e me aconselhavas a dizer ao mundo que o médico comunitário tem como pré-requisito indispensável a vocação, integrando comunidades, transitando com incrível naturalidade e contrapondo uma certa arrogância vulgar dos poderosos, posicionando-se sempre a favor da dúvida, forte, marcando uma trilha de amizades, de controvérsias e quantas vezes passaste do mando para a mais secundária das posições sem nunca ter perdido a dignidade, não a postural, a adquirida, mas a espontânea.

Pediste em troca apenas o direito de sonhar. E, de sonhar, a graça de ver erigido o modelo esboçado nas noites mal dormidas. Se erigido o sonho, apenas o indizível privilégio de constatar o usufruto de tua obra por parte de uma comunidade satisfeita, repleta de saúde.

Descobriste no simples a timidez agressiva, a discrição do anonimato, o "anima" das comunidades que não deve ser deturpado pelo cientificismo, nele buscando as mais complexas soluções. Foi assim que as encruzilhadas do acaso nos fizeram conviver, revivemos juntos as angústias daquela aula de trinta anos atrás em busca de novas exigências entre a fantasia de um setor cartorial, clientelista, politicamente desgastado de uma porção oligárquica e malditamente hegemônica e o verdadeiro interesse das populações menos assistidas, que pelo menos basicamente têm o direito assegurado constitucionalmente a um sistema de saúde organizado. E não o têm.

Lembro-me de um episódio no Congresso Nacional em que um funcionário te advertira pela falta do paletó obrigatório. Perguntaste:

- Roubar pode?

E tu mesmo respondeste:

- Sim, pode. De paletó!

Lembro-me bem de tua euforia no Ministério da Saúde. Eles haviam descoberto a pequena equipe, o posto pequeno, a pulverização dessas gotículas de sanidade na intimidade do tecido social. O distrito de Saúde. Hoje o próprio Ministério está a criar e a difundir 2.000 novas equipes do Programa de Saúde da Família. Econômico, eficiente, racional.

Diferentemente dos "colarinhos brancos", emergimos de um período como Diretores do Grupo Hospitalar Conceição, como chegamos: pobres financeiramente, mas enriquecidos por uma sólida experiência. Saímos acompanhados da verdade e de uns poucos amigos, cuja história, por um determinismo indeterminado, um dia fará justiça. Tiveste a bravura da denúncia. Jamais foste colhido pela omissão.

Relegado à "soldadania rasa", altaneiro, recomeçaste, ensinando e voltando ao início, para percorrer nova estrada, desta feita, espargindo experiência, riqueza de conhecimentos e esta imensa energia de todos os recomeços, em busca deste teu destino exemplar.

É esta inacreditável capacidade de recuperação, rejuvenescendo a cada passo, prevenindo, curando, promovendo a saúde, que hoje homenageamos teu viver, discreto e prodigioso, que nos encanta, que nos humaniza.

E te vejo, na porta de uma UTI, apoiado em duas bengalas, socorrendo, tomando iniciativas, exigindo providências, aumentando o número de leitos, indo aos palácios sem perder a naturalidade, falando com os reis, de igual para igual com a mera e banal simplicidade que exigem as relações de um médico. Não apenas um Médico! Mas "O Médico", Carlos Grossman, a partir de hoje afagado publicamente por toda uma população reconhecida. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passo a palavra à Vera. Clênia Maranhão, que falará por sua Bancada, o PMDB.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu queria, inicialmente, parabenizar o Ver. Juarez Pinheiro pela feliz e justa iniciativa de sugerir a transformação do Dr. Carlos Grossman em Cidadão Emérito de Porto Alegre.

É muito importante estarmos nesta tarde reunidos, apesar do calor e da superlotação do nosso Plenário. Eu queria dizer que uma Câmara de Vereadores existe é para fazer leis, fiscalizar, levantar os problemas da cidade; mas também é para compreender e, compreendendo-a, fazer com que esta compreensão seja apropriada pelo conjunto dos seus cidadãos. Compreender a totalidade de Porto Alegre é, seguramente, compreender as ações de saúde comunitária que há mais de 20 anos aqui se iniciaram, desafiando o tempo, as sucessivas crises conjunturais da saúde, a crise estrutural, que prossegue, as discussões sobre a falta de financiamento.

Colocando o usuário, o comunitário, o universal, o preventivo, o humanitário, acima do institucional fechado, do curativo, do tecnocrata, do saber eletivo, o Dr. Grossman transformou Porto Alegre num exemplo de saúde pública, ainda não totalizado.

Conhecer o Dr. Grossman é um privilégio, porque ele é daqueles cidadãos que provam que a crença somada à competência, à obstinação e à preocupação com o bem comum, garante coisas que parecem impossíveis em uma sociedade individualista como a nossa.

Conhecer o Dr. Grossman me faz orgulhosa por muitos motivos, pelo seu exemplo, pelos projetos desenvolvidos na Zona Norte, no Murialdo, no Hospital Conceição, no Ministério da Saúde, e por tantos outros que poderia citar.

Queria falar de uma coisa muito pequena, mas que me faz lembrar um fato particular de minha vida. Quando eu era Presidente da Comissão de Saúde desta Casa, realizamos um grande debate sobre saúde comunitária, com a presença de técnicos cubanos. Vi uma pessoa de muletas, subindo as escadas da Câmara. Era o Dr. Grossman. Se não o fosse, provavelmente seria atendido por ele. Mas, apesar de doente, o Dr. Grossman, com o brilhantismo de quem sabe e com o coração aberto, encantou a todos no debate, influindo, quem sabe, em muitos outros municípios do interior do Estado que estavam aqui representados.

Ainda lembro de outro fato que vivenciei. Tive o privilégio de representar a Câmara numa comitiva governamental, organizada pelo Governo do Estado, para fazer um intercâmbio com o sistema de saúde cubano. Visitamos clínicas, centro de pesquisas, ministérios.

Um belo dia, quase completado o nosso roteiro, vivíamos o momento mais emocionante que era visitar os trabalhos de execução com as comunidades de Havana e o famoso Policlínico, dirigido pelo professor Cosme Ordones, Plaza de La Revolución.

Éramos apresentados à equipe que dirigia aquela Instituição. Apresentavam todos: governadores, deputados e secretários. Eu fui apresentada como Vereadora de Porto Alegre, a Cidade onde estava o Hospital Conceição e a Cidade que era a do Dr. Gosssman.

Foi com uma emoção muito grande, vi chorar a equipe que lá estava.

Muito obrigada por estar aqui, hoje, permitindo que lhe preste esta homenagem. (Palmas.)

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos dizer que estamos muito honrados com a presença do Dr. Tarso Genro que se integra a esta homenagem ao Dr. Grossman.

Nós deveríamos discursar, mas como estamos presidindo os trabalhos da Sessão registramos que é uma honra poder homenagear o Dr. Grossman neste momento.

Vamos assistir à uma apresentação do Coral da Terceira Idade.

 

(Apresentação do Coral.)

Agradecendo ao Coral da Terceira Idade que deu um toque especial a nossa homenagem, queremos agora realizar o ato formal da entrega ao Dr. Carlos Grossman do Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Para tanto, solicito que nos dê o prazer de vir até a Mesa aquele que foi o iniciador de todo esse processo de reconhecimento público do Legislativo da Cidade a esse destacado médico comunitário. Convidamos o Ver. Juarez Pinheiro, juntamente com o Sr. José Fortunati, Vice-Prefeito de Porto Alegre, para que entregue ao nosso homenageado o correspondente diploma.

 

(Procede-se à entrega do Título de Cidadão Emérito.)

 

A Câmara Municipal curva-se à imposição da comunidade, solidária com a homenagem que estamos prestando ao Dr. Carlos Grossman e quer, objetivamente, a ela se somar. Por isso, convido que venha à Mesa Diretora o Sr. Branquinho e a Sra. Alba Correia que, representando a Intercomunitária do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição, querem entregar um mimo ao Dr. Grossman, e da mesma forma convido a Sra. Terezinha de Lima, que representa os Agentes de Saúde Comunitária do Hospital Conceição que quer entregar um cartão de prata ao nosso homenageado.

 

(É feita a entrega.)

 

É com muita honra e satisfação que concedo a palavra ao nosso mais novo integrante da galeria dos Cidadãos Eméritos de Porto Alegre, Dr. Carlos Grossman, para que faça a sua saudação, já agora, por lei, na condição de Cidadão Emérito de Porto Alegre.

 

O SR. CARLOS GROSSMAN: Faltou uma coisa que ninguém disse: que sou muito chorão. Para dar um exemplo de como essa coisa da saúde comunitária vai longe, vou citar o Fontana, que entrou lá criança e olha aonde ele está, e vai longe.

Eu quero dividir a homenagem com muitas pessoas que, de fato, trabalharam. Quero destacar, como exemplo, a vovó Nair, que já estava lá na Barão de Bagé muito antes de pensarmos esse assunto, que se juntou a nós e nós a ela, para trabalharmos o assunto saúde na comunidade; a Dona Mérica, que já foi homenageada; a Maria Helena; o Sr. Labatu.

Menciono essas quatro pessoas, como exemplo de muitas outras, que participaram deste mutirão pela saúde.

Poderia mencionar muitos daqueles que nós chamamos técnicos, mas que, na verdade, trabalham de igual para igual, como as "vovós Nair", porque nós somos iguais. Menciono também alguns poucos como: a Cristine Lemos, a Lisiane, o João - ele entrou lá com 17 anos como voluntário de saúde; hoje, ele é chefe de tudo - , a Jeane.

Essas poucas pessoas que eu menciono são exemplos do trabalho da saúde. Sejam técnicos em saúde ou técnicos administrativos, todos eles são iguais no sentido de que ajudam as pessoas a se manterem saudáveis, a se aliviarem dos seus males.

Tenho pouco a dizer. Tantas coisas foram ditas e tantos, aqui, trabalharam juntos. Esta homenagem, esta confraternização, esta alegria, este apreço têm, para mim, um significado maior do que a homenagem a mim, pelo que também trabalhei, pelo que contribuí. Significa mais: a satisfação de todos com o que foi feito, a alegria de que uma obra assim tenha sido feita com a contribuição de tanta gente, de uma forma amigável, e que deve servir de exemplo para outras comunidades, como está servindo, por exemplo, ao Programa de Saúde da Família, do Governo Federal. E isso se inspirou em diversas experiências semelhantes no País, principalmente a nossa.

Então, como um dos oradores falou, tentando imitar o escritor José Saramago que diz que a gente tem que dizer não, e tem que dizer não para o que está aí, e tratar de fazer melhor.

Acho que é isto que fizemos, dissemos não a esta saúde freqüentemente malfeita, freqüentemente fazendo as pessoas sofrer mais pelo atendimento do que pela própria doença, a isto temos dito não. E felizmente temos dito não com sucesso.

Quero compartilhar com todos esse momento, esse sentimento de que fizemos juntos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecendo a presença de todos, nos escusando pelo desconforto, pelas más-condições apresentadas pelo nosso Plenário, nesta tarde, convidar a todos para, de pé, ouvirmos no encerramento da nossa sessão solene, em que foi entregue o título de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Carlos Grossman, o Hino do Rio Grande. Após, convidamos a todos para partilhar do coquetel que será oferecido no salão de entrada e para a Sessão Solene, que será realizada às 17 horas, destinada à entrega do título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Poeta Luiz de Miranda.

Muito obrigado a todos. E nossas sinceras homenagens ao distinto Cidadão de Porto Alegre, Dr. Carlos Grossman.

 

(É executado o Hino Rio-Grandense. )

 

Estão encerrados os trabalhos desta Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h45min.)

 

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